É impossível não perceber as mudanças que a passagem do
tempo revela. Se já é tão perceptível quando se observa o aspecto físico de uma
pessoa durante sua vida, o que dirá sobre uma cidade como Manaus, em seus mais
de três séculos de história, contada através de seus prédios, monumentos,
praças e ruas. Para viajar no tempo, basta um olhar em uma simples fotografia
do início do século XX. Para perceber as mudanças que ocorreram com o passar
dos anos, um breve passeio pelas suas ruas já seria suficiente.
É difícil não notar a diferença arquitetônica entre seus
prédios, como o Teatro Amazonas, e os prédios e obras recentes, construídas
junto a Zona Franca. Enquanto os primeiros nasceram em uma época próspera em
que Manaus tinha a alcunha de “Paris dos Trópicos”, os últimos demonstram a
transformação que o parque industrial trouxe para a cidade. Demonstram a
mudança de sua economia: do extrativismo da borracha para o desenvolvimento de
equipamentos eletroeletrônicos, entre outros produtos.
Esse contraste também é notado em sua forma de ser, antes
acostumada com o esplendor que o “ouro branco” lhe trazia: construções grandiosas
com estruturas e detalhes importados; roupas lavadas na Europa, de onde vinham
as maiores novidades de seu comércio; uma das primeiras a implantar iluminação
elétrica pública, bonde elétrico como transporte coletivo, telefonia e ter a primeira
universidade do Brasil, a então Escola Universitária Livre de Manáos.
Esse luxo cedeu espaço, após um período de decadência com o
fim do império da borracha, para a sua expansão: com avenidas, viadutos, seus
ainda tímidos arranha-céus, o maior porto flutuante do mundo e a Ponte do Rio
Negro, oriundas de uma nova face. Uma nova cara pra cabocla menina dos olhos do
mundo, escondida entre a maior floresta tropical do planeta, banhada pela maior
rio em extensão e volume d’água da Terra.
Todo esse contraste se revela ainda mais entre os seus
moradores. De todas as raças e credos, nascidos de sangue miscigenado de índios,
negros e brancos. De diversas etnias indígenas, africanas ou do Velho
Continente. Migrados do interior do Amazonas, do Nordeste do Brasil ou da Ásia.
Todos se reúnem neste espaço de terra, sob o sol equatoriano, que brilha
igualmente para cada um.
Em 343 anos de existência da mãe dos Deuses, Manaus, faltam apenas que os ilustres habitantes
dessa pequena amazona cuidem mais, defendam com brio e se orgulhem desta cidade,
rica em história e gigante em nosso país e em nossos corações manauaras.
*Texto baseado na redação escrita ao Processo Seletivo Contínuo (PSC), Etapa III, para ingresso na primeira universidade do Brasil, a agora Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
*Fotos extraídas de: Comunidade Manaus de Antigamente - Facebook e Ponte do Rio Negro - Wikipédia